Wilson Carlos Diniz[1]
wilson.diniz@globo.com
Durante recente viagem à capital do Estado de Goiás, a nossa selva de concreto Goiânia, depois de manter longas conversas com aqueles que comigo estavam, vindo o silêncio, comecei a observar que se forma nova paisagem ao longo da estrada que vem “pedindo licença” para o que seria ou o que deveria ser o Cerrado Goiano. Observei atentamente esta nova “flora emergente” que por muitas vezes se perde de vista no chão goiano. Como nem tudo está perdido, ainda há, no meio desta nova paisagem, pequenas ilhas de vegetação verdadeiramente nativa, com plantas de troncos retorcidos, de tamanhos médios, que pareciam acanhadas perante as imensas plantações verdejantes e rasteiras, um mar de soja – soja que, na maioria das vezes, nem chegará à mesa de um brasileiro e/ou de um goiano.
Fiquei mais intrigado ao tentar imaginar a quantidade de produtos agrotóxicos que são despejadas no solo, e na água e no ar, para que se tenha uma paisagem tão “gratificante”. Será gratificante esta “paisagem” para o solo, a água, o ar, a fauna, a flora e o ser humano? Essa paisagem está sendo criada de forma tão moderna a fim de atrair novos olhares e encantá-los, como o que acontece, por exemplo, com a informatização pela globalização?
Será mesmo este o caminho que o Cerrado deve percorrer para que também possa se sentir moderno e globalizado? Afinal, as gerações mudam. Será que há a necessidade do meio ambiente se modernizar também?
Diante de tal situação fui levado a refletir também sobre a situação do Pasto do Pedrinho de nossa cidade. Uma área imensa, por mim considerada patrimônio histórico dos catalanos, cravada no meio da “cidade das flores” e aos pés do Morro de São João, com uma vegetação que guarda nascentes e talvez centenas de espécies nativas da fauna e da flora goianas, que não deveria ser alvo de “especulação” e, sim, motivo para a união de forças políticas e não políticas em prol da consolidação de um espaço público que, realmente, sirva a toda a população.
Pude observar na capital do Estado, apenas no trajeto que fiz, um espaço denominado Parque do Areião que estabelece a harmonia entre o concreto e a natureza oferecendo estrutura para receber crianças, jovens e adultos que, ao mesmo tempo em que fazem exercícios físicos, convivem e desfrutam da exuberância da vegetação nativa.
Tão bom seria ver o Pasto do Pedrinho equipado com trilhas, placas indicativas das espécies nativas, calçadões, observatórios, iluminação, segurança e centro de convivência para receber visitantes, estudantes dos ensinos fundamental, médio e superior! Um espaço público de entretenimento e de estudos que dê ainda mais orgulho à Cidade das Flores e que justifique esse nome e a faça ser vista e divulgada Brasil a- fora como a cidade que preserva o Cerrado que ainda pulsa em seu coração.
Que outros também possam observar essa nova paisagem que surge ao longo das estradas e que reflitam sobre a importância de preservar as “velhas paisagens” que a natureza e o tempo se incumbiram de fazer.
Wilson Carlos Diniz |
[1] Graduando em Direito, e aluno do Curso de Habilitação Profissional Técnica em Administração na modalidade Subsequente a Distância – EaD pelo CEPSS/CEPAC.
(Grifo nosso)
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